Posted by : Andressa Fraga sexta-feira, 7 de junho de 2013

Cinema Japonês – A Partida

Quando iniciei o Onelight Movie na semana passada disse que tinha como um dos objetivos não mostrar os filmes chamados “Blockbusters” (filmes de alta popularidade que são exibidos em todo o mundo massivamente, em outras palavras, filmes para vender). Há de se dizer que existem coisas legais no meio dos Blockbusters. Por exemplo, ano passado saiu Os Vingadores, filme muito bem feito e que retratou os quadrinhos com fidelidade extrema. 

Mas o assunto de hoje não são os Blockbusters, mas, sim, cinema asiático. Mais precisamente o japonês. Há muito a se falar sobre esse cinema, desde os gênios que já deixaram a sua marca como KenjiMazoguchi, YasujiroOzu e, quem levou o cinema asiático ao ocidente, Akira Kurosawa. Os dois primeiros retratavam muito a vida cotidiana do Japão, e, talvez por isso, não conseguiram enorme espaço no cinema mundial. Já Kurosawa conseguiu levar o cinema japonês ao conhecimento de todos, talvez por ter dado um pequeno toque ocidental à sua obra, mas sem perder a essência do que acreditava ser o cinema do Japão, sutil e profundo. Assim, na década de 50, a terra do sol nascente mostrou sua cara ao mundo, com a delicadeza de Mizoguchi, a dureza de Ozu e o humanismo real de Kurosawa. Depois disso, o Japão teve sua Nouvelle Vague, tendo um dos seus expoentes o diretor Seijun Suzuki. Destaco para vocês alguns títulos que são os principais filmes do Japão, se acharem interessantes aconselho que assistam. Segue a lista: Rashomon, O Idiota, Trono Manchado de Sangue, Yojimbo – O Guarda-Costas, A vida de O’Haru, Contos da Lua Vaga, Era uma vez em Tóquio, Pai e Filha. E por aí vai.

O cinema japonês teve espaço novamente graças a sede Hollywoodiana em procurar filmes de terror chegaram até ao Japão e fizeram remakes de filmes como O Chamado, O Grito, etc.
O filme de hoje não é de terror, é drama. Gosto de drama, pois nossa vida é um drama. Drama vai além de heróis e vilões; bem e mal; certo e errado. O drama são conflitos e nuances da vida. E isso é irremediavelmente mutável e inconstante. Não dá para “adivinhar” o final do filme. Isso me prende, e muito, numa produção. O nome do filme de hoje é “A Partida” (Okuribito, em Japonês). Ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009. Não é a melhor obra japonesa dos últimos anos, tem, por exemplo, a animação A Viagem de Chihiro (2001), que eu acho bem legal.

Vou contar mais ou menos como se desenrola a saga de Daigo, músico da Orquestra Sinfônica de Tóquio que depois de muita luta para se chegar a este lugar, vê seu sonho desmoronar com o desmanche da orquestra. Por acreditar que não era bom o suficiente, pensa que não conseguira emprego em outro lugar com seu violoncelo. Detalhe básico, ele acabara de comprar o instrumento e não tinha como pagar. Conversando com sua mulher decide ir a pequena cidade Yamagata, sua cidade natal. Lá se encontra com seu destino. Na verdade, na procura de emprego ele encontra um anúncio com o nome “Partidas” e pensa se tratar de uma agência de viagem. Ledo engano. Trate-se de preparar corpos para serem enterrados. Arrumar, maquiar, embelezar, tudo na frente da família, demonstrando toda condolência e respeito que tal ritual exige. Ele aceita, mas não conta nada a sua esposa, Mika. Seu chefe é o senhor Sasaki. Desta contratação em diante a relação deles será mais baseada entre pai e filho do que entre chefe e empregado.

Dado uma leve sinopse do que será visto no filme vale alguma crítica a ele, agora. Como descrevi, cinema japonês é perfeccionista e de uma sutileza impressionante. Belo aos olhos de quem assiste. O filme tem uma atmosfera séria, pois trata de um tema sério, a morte. O diretor YôjirôTakita, fez o favor de transformar o filme numa mensagem simples e universal. Em momento nenhum, tirando a tradição japonesa com relação aos mortos, você encontra um culturalismo oriental. O que torna o filme simplório, mas de fácil asserção. Há de se ressaltar a trilha sonora, roteiro sólido (que prefere não se complicar em momento algum), e o tema abordado com todos os conflitos que o personagem principal levanta. É um drama, e tem seu ponto forte em questionamentos simples da vida. Merece ser assistido.

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